Prefácio por Gunnar Hansen sobre o filme original
Ano passado, a editora DarkSide (especializada em livros de terror e fantasia) lançou o livro 'O Massacre Da Serra Elétrica: Arquivos Sangrentos' que faz parte da coleção 'Dissecando' da editora. O livro é uma enciclopédia essenssial pra qualquer fã que queira saber mais e mais sobre todos os filmes do massacre, além de entrevistas, fotos inéditas e muito mais. No livro, há também um prefácio, onde Gunnar Hansen conta como se sentiu com o sucesso inesperado que o filme fez. Confira com exclusividade o prefácio completo abaixo:
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Gunnar Hansen, eterno Leatherface |
Marilyn estava certa: dado o que sabíamos na época, nenhum de nós jamais imaginaria algo parecido. Na real, a maioria do que aconteceu nestes quarenta anos desde o lançamento do filme foi completamente imprevisível. Enquanto fazíamos O massacre, não tínhamos lá muitas expectativas. Claro que a gente queria que o filme fosse bom. É claro que torcíamos para o publico gostar.
Tratava-se, na melhor das hipóteses, de um filme de terror de baixo orçamento. Se tivéssemos sorte, ele serviria para deixar os investidores felizes, e uns poucos fãs leais de filme de terror se lembrariam dele por um tempo. Depois disso, ele cairia na obscuridade. Nós ainda brincamos no sete que esse era, pelo menos, um filme que jamais seria exibido na televisão.
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Todo o elenco original reunido. |
Só que estava errado.
Quase imediatamente as criticas começaram a chegar, e nós percebemos que tínhamos algo valioso. Um jornal da Filadélfia publicou artigos sobre o quão furiosos e revoltados os espectadores se sentiam com a violência explicita do filme. Eles saíam das salas de cinemas passando mal fisicamente, garantia o colunista, e exigiam todo o seu dinheiro de volta. É claro que nada do que eles reclamavam estava no filme. Toda a sua suposta violência era muito inocente se comparada a dos filmes de ação mainstream, como Os Caçadores Da Arca Perdida
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Spot Trailer que era exibido em algumas emissoras de TV. |
Essas reclamações foram repetidas por certo apresentador de talk show, que ficou martelando a sua audiência, numa noite em rede nacional, que filmes como o massacre, deveriam ser restritos a menores de idade - e não para menores de 17 anos desacompanhados, que foi a categoria que o filme recebeu. Minha critica furiosa favorita saiu na Harper's Magazine, que chamou o Massacre de ''um pedacinho vil de excremento, sem nada digno de nota''. Claro que tantas acusações só fizeram aumentar o interesse pelo filme.
Então o critico de Nova York, Rex Reed, entrou no meio da discussão. Ele louvou O massacre. Disse que era o filme mais assustador que já assistira, ou algo do tipo.
De repente, o filme cresceu de tamanho. As pessoas lotavam os cinemas para assisti-o. As pessoas conversavam sobre ele. Todo mundo, e não apenas os fanáticos por filmes de terror tinham ouvido falar sobre ele. Enquanto ouvíamos o burburinho, percebemos que este filme seria um filme famoso. E ganhamos muito dinheiro com ele.
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Tobe Hooper, diretor e criador do filme. |
Bem, só que estávamos errados, de novo. Vez ou outra, alguns cheques de direitos de imagem pingavam em nossas contas, mas nós nunca recebemos uma grana de verdade. Ninguém sabe quanto esse filme faturou. Alguns estimam que ele rendeu 50 milhões de dólares. Outros falam em 100 milhões de dólares. Mas nós nunca saberemos. Processos legais pipocaram por alguns anos - alguns membros da equipe processaram outros para conseguir algum dinheiro-, mas não deu em nada, ninguém jamais recebeu grande coisa. Depois de todo esse tempo, a unica coisa que sei sobre finanças é que não vi nenhum desses milhões que imaginávamos. Não que isso tenha feito diferença. Teria sido ótimo ganhar bem, mas não foi por dinheiro que trabalhei nesse filme. Com eu disse, só queria trazer algo interessante para passar o verão. Eu fiz. Eu fiz um filme. Trabalhei com pessoas que eram muito boas no que faziam e que deram o melhor de sí. É algo que eu sempre carrego comigo- desde então, e também tento ser bom no que eu faço e dar o máximo de mim. Eu ainda aprendi como um filme é feito, algo que poucos podem dizer que sabem. Nesses quarenta anos desde o lançamento do massacre, eu continuo perplexo com a maneira coo ele se transformou em algo muito maior do que nós esperávamos. Cineastas querem copiar o filme. Os fãs ainda querem assisti-lo. E todo mundo - e não apenas os fãs- tem uma opinião sobre ele.
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Ed Gein, o assassino de Wiscnsein que INSPIROU o Leatherface |
Então, apesar de nossas expectativas, O Massacre Da Serra Elétrica ainda está ai. E está vicejando. Ele faz parte da nossa cultura- é quase impossivel segurar uma serra elétrica hoje em dia e não parecer ameaçador. As pessoas ainda me contam piadas de serras elétricas (elas não são engraçadas). Até pessoas que não conhecem filmes de terror sabem quem é Leatherface. Uma cópia do Massacre faz parte da coleção do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMa). Recentemente, comprei uma lancheira do filme. Existem bonecos do Leatherace. Uns oito modelos diferentes, incluindo um Leatherface cabeça-de-mola. Quem diria?
O filme provou ser muito mais do que nós poderíamos imaginar na época. E a prova disso estava na gargalhada de Marilyn naquele pub londrino tantos anos depois.
O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA - ARQUIVOS SANGRENTOS (DISSECANDO)
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Todo esse texto foi criado e passado online pela equipe do Massacre Da Serra Elétrica Fãs Brasil. Direitos autorais ao site e a editora DarkSide.
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